quinta-feira, 5 de maio de 2011

Gullar sobre a necessidade. E o milagre.

FG

Eu terminei de escrever o Poema Sujo no exílio, na Argentina. Por que o Vinicius de Moraes trouxe o poema gravado para o Brasil? Por que o Augusto Boal insistiu para que o Vinicius me obrigasse a ler o poema? Ora, porque comovia as pessoas. O próprio Vinicius ficou com o olho cheio d’água quando o leu pela primeira vez. No dia seguinte ele já voltaria para o Brasil. Nós demos um jeito e fizemos a gravação. Se não prestasse, iam achar que ele estava louco. Só que as pessoas se apaixonaram pelo poema. Caso contrário, ele não aconteceria. Não existe amigo, nem decreto presidencial, nem instituição alguma que faça sobreviver uma coisa que não interessa às pessoas. É só isso. A poesia se mantém porque nos toca e se faz necessária na vida das pessoas. Agora, quando não presta, não presta. E aí não há milagre.

Trecho retirado de entrevista com o poeta Ferreira Gullar na Revista de História da Biblioteca Nacional. Primeiro de agosto de 2010. Para ler na íntegra, clique aqui e sirva-se à vontade.

2 comentários:

Barbara Sa disse...

Eu li a entrevista.
Muito boa!

josé agapanto disse...

Gullar é uma pequena dádiva que recebemos entre nós. Entre nosso tempo.