segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ao Uísque Teacher's

Prezado Professor,
a Academia anda me trazendo uma boa margem de considerações sobre a literatura, tenho acordado às terças e quintas pontualmente às 6:15 da manhã, e não bastasse tal exercício de comprometimento tenho aprendido declinar o latim, dissociar a lingüística gerativista da cognitiva e sobretudo tenho conhecido a ordem de efeitos da estrutura curricular. No entanto é com certo misto de desgosto e alívio que encaminho esta carta escrita à v.s.ª.
Permita-me apresentar o momento que de ti pude tomar notícia, foi em um mercado na serra. O dia estava bem acordado, usávamos, como uns antigos, lenços vermelhos no pescoço, e fui apresentado à vossa senhoria, com gelo. Num primeiro instante acreditei na ilusão adolescente do alumbramento sublime, sorte que depois constatei ser uma veracidade. As gramáticas descritivas e normativas não me ensinaram a ti, mas a serra sim, porque no frio de um hotel Avenida, frente à igreja de Santa Tereza em Teresópolis eu aprendi a verdade da pedagogia universal. Você foi carinhosamente levado pela estrada de Petrópolis, até uma casa no Centro Histórico, bebido numa biblioteca, justo em meio à nossa apresentação, e só foi terminar na Casa do Sol, casa macia do Sol, que nos disponibilizou shampoos e camas de casal para todos. Assim você acabou: aparentemente; pois a impressão que nasce desta garrafa onírica é que o conhecimento e a erudição, após descerem ao fígado, tornam-se irrecuperavelmente eternos.
Amigo Professor, a conclusão final destas linhas em onda é um termo de agradecimento pelo horizonte ao avesso que me trouxeste frente ao gosto da Academia, trazendo a esta virada de julho pra'gosto um vívido sabor de carvalho embarrilzado.
Professor, com ternura e agradecimento, volte Sempre.

Ao primeiro mês de aniversário da garrafa, deixo esta carta, com saudade. (01/09/08)


2 comentários:

Julia Pastore disse...

huá! sensacional!

Cassiana Lima disse...

Que bonito, João! Mata uma curiosidade: o personagem é real ou imaginário? rs...Parabéns, achei uma narrativa curta (conto? crônica?) muito bem escrita.