domingo, 31 de agosto de 2008

Moça do sapatinho de laço

Não é pelo rosto, certo pássaro, racifero,
ocelote d'água. Pelo sorriso que insurge
como a estrela que insurge, não é.

Não é pela madeira desfiada,
cachoeira sobre os ombros,
que vela a espádua se a noite velar a fuga. Não é.

Tampouco seria pela cintura,
antitese de seio e quadril,
teu equador de ampulheta.

Menos ainda pelos seios, seios, seios, seios...
quadris, quadris, quadris, quadris,
que são o Tempo.

Nem pelas pernas sem roupa,
melhores amigas da praia,
pintadas à cor dos olhares.

(Giras o mundo quando te locomoves.
Despreocupada, confundindo
o dia, danças, da colheita.)

Não. Nada disso me encanta.
Nem por isso estou por ti.
Mas por teu sapatinho de laço.

É pelo cremoso sapatinho, querida,
de laço, que, teu, me encantas.
E eu te sigo. Praças. Largos. Bares. Baile.

2 comentários:

Julia Pastore disse...

caralho. que discípulo de vinícius.

lulu disse...

adoro esse poema! é bonitinho e engraçado na medida!